Já estamos no segundo semestre de 2023. É percepção geral que o tempo acelerou. Neste atual contexto de mundo, onde literalmente a revolução digital acelerou o tempo por meio da rápida mudança dos costumes e jeito de consumo é que precisamos como empresários, fazer parte deste movimento.
Inovação e criatividade são aspectos mandatórios para oxigenar o jeito da motelaria se relacionar com seu cliente. Quando entrei no negócio, em 2010, o movimento natural era reformar. O investimento em um bom projeto de arquitetura e a atualização dos quartos e fachada eram suficientes para atrair o cliente. Em seguida, outra inovação foi o investimento em marca e reposicionamento do marketing com foco no digital.
Ao longo deste tempo, vimos o advento das reservas programadas como oportunidade para se adequar a um mercado que prioriza a busca por experiência com conveniência e hoje estamos no início de uma nova revolução, que são as reservas imediatas e que irão mudar a forma como o consumidor se relaciona com a motelaria. Em um futuro próximo, toda a jornada de relacionamento cliente-motel passará para o digital, do início até o fim.
Conhecendo os motéis sul-coreanos
Como empreendedores, é nosso papel a criação destes movimentos de inovação. Mas como se inspirar para inovar em um setor com reduzidas referências de mercado? Foi nesta toada que, em maio de 2022, fui parar em Seoul, na Coréia do Sul, junto com meu sócio Felipe Martinez e Rodolfo Elsas e Roberto Discher, ambos do Guia de Motéis. Nesta viagem, contratamos uma guia brasileira radicada em Seoul para entendermos mais da cultura coreana e entender como a motelaria se inseria naquele contexto sociocultural.
Descobrimos que os motéis por lá estão inseridos em contexto similar ao que vemos por aqui: negócios que foram prósperos em períodos passados, mas que caíram no ostracismo e precisaram se reinventar. Os motéis por lá também são negócios de família. Em sua maioria, são prédios verticais e no geral bem localizados. Os mais rentáveis possuem entre 50 a 60 quartos.
A boa localização, aliada a marca negativa da palavra motel que se associou à baixa qualidade por anos, fez com que diversos empresários sul-coreanos reformassem a fachada e os quartos, trocando a palavra motel por hotel. Além do “H” no nome, os negócios foram reposicionados para um modelo híbrido, uma mistura de hotel com motel, onde há a oferta de preços por período com foco nos casais da cidade, mas também é possível contratar por diária, com captação de turistas. Usamos esta modalidade durante nossa estadia lá.
Clientes jovens, ambiente instagramáveis
O lifestyle do coreano jovem é centrado na tecnologia e praticidade. Eles são extremamente conectados e grandes usuários de redes sociais. Um hobby curioso do coreano é se divertirem indo em casal ou em grupo a uma das diversas lojas de cabines de fotos espalhadas pela cidade para bater foto à vontade. As lojas dispõem de várias fantasias para incrementar a experiência.
Com base nesta observação, os motéis de lá trouxeram para o ambiente espaços de convivência social, localizados nos lobbies ou rooftop. Alguns dispõem de piscina com vista e serviço de bar e restaurante. Os jovens frequentam os espaços “instagramáveis” para curtir e fazer selfies antes de seguirem para o quarto e aproveitar da intimidade.
Ponto alto da viagem
Ainda nesta viagem, tivemos a oportunidade de conhecer a Yanolja, gigante do setor de hospitalidade, cujo fundador era gerente de motel e fundou um guia local de motéis em 2005. A empresa levantou cerca de US$ 2 bilhões em capital, sendo o gigante Softbank um dos principais acionistas do grupo. A empresa hoje é a maior plataforma de reservas de hotéis e motéis da Coreia do Sul, administra uma cadeia de marcas de hotéis e motéis e tem focado esforços no desenvolvimento de tecnologias e sistemas para o setor de hospitalidade.
Durante a viagem, tivemos três dias de agenda com executivos do grupo, que nos levaram para conhecer dois de seus principais motéis recém-renovados. Também tivemos a oportunidade de visitar o prédio do escritório central para conhecer os sistemas de facilidades em desenvolvimento como totem de autoatendimento, sistemas de câmeras com reconhecimento facial e outros produtos da marca.
O ponto alto foi ter a oportunidade de conhecer o fundador, Lee Su-Jin, e apresentar um pouco do mercado brasileiro de motéis e seu processo de reposicionamento. Voltamos para o Brasil super empolgados, primeiramente entendendo que nosso país é um grande player do setor e fonte de inspiração para os motéis do mundo e, por outro lado, entendendo o quanto é importante beber de novas fontes para inspirar a inovação nos nossos negócios.
Em busca dos melhores motéis
Empolgados com essa expedição incrível que fizemos, a LHG e Guia de Motéis criaram o projeto “Em busca dos Melhores Motéis do Mundo”. Já temos os três próximos destinos mapeados: a próxima parada será em novembro de 2023 rumo a Taiwan, cidade que tem grandes motéis de luxo. Em 2024, iremos para o Japão, famoso por seus motéis temáticos e grandes redes com capital aberto na bolsa e, em 2025, o país será o México, que tem aparecido na cena com motéis de cair o queixo.
A grande novidade é que dessa vez levaremos 15 empresários do setor conosco nessa aventura. Será um momento de trocas, divertimento, aprendizados e oportunidade de refletir sobre o futuro do nosso negócio ou, melhor, do futuro que queremos criar. A beleza de empreender é entender que todo o processo criativo e de como será a motelaria do futuro é nossa responsabilidade e temos total liberdade para isso. E você, empresário: vai ficar aí parado ou participará conosco neste movimento?

Leonardo Dib é diretor da ABMotéis e sócio da Lush Hospitality Group (LHG Group)