Tem épocas que a palavra crise ecoa nos noticiários e contamina os grupos do WhatsApp. Nos últimos dias, novamente, a crise voltou à pauta. Seria o fim de um ciclo de crescimento na motelaria?
É sempre bom recordar que, há três anos, vivemos uma das piores crises mundiais. Na realidade, muitos setores ainda nem se recuperaram totalmente do caos que foi a pandemia.
Entre 2010 e 2020, o Brasil teve a chamada década perdida. Foram 10 anos com taxa de crescimento pífia. E aqui não há novidade alguma. O Brasil é o país das crises.
Nós, da motelaria, fomos criados em meio à economia hostil. Mesmo nesse cenário caótico, temos acompanhado a expansão de motéis em todo o país.
Claro que a expansão não é para todos. Há motéis em desenvolvimento e reformas em andamento ao mesmo tempo que motéis fecham as portas. E esse aparente contrassenso tende a aumentar nos próximos anos.
Sim, devemos seguir vendo motéis fechando as portas e empreendimentos em expansão.
Os custos da operação tornaram inviáveis aqueles motéis que têm estruturas pesadas, elevado custo operacional, baixa ocupação e, consequentemente, baixa rentabilidade. Esses motéis, da chamada velha motelaria, se tornaram verdadeiros elefantes brancos.
O ficar como está nunca custou tão caro. De um lado, ocorre uma limpa no setor, com a extinção dos motéis da velha motelaria. E do outro lado, temos uma oxigenação de investimentos e melhorias com a expansão da Nova Motelaria.
Estamos evoluindo e toda a evolução deixa alguns pelo caminho. A decisão não é mais de manter e persistir, mas de mudar e evoluir. Ou de ceder espaço.
Se você é um daqueles que parou no tempo, seu motel pode servir para um moteleiro que está expandindo. Ou se transformar em um empreendimento imobiliário. Ou, ainda, pode ser que não desperte interesse para nenhum desses dois grupos. Aí restará somente ter que fechar as portas e assumir o prejuízo.
Com todas as dificuldades, o Brasil ainda é um mar de oportunidades. Dispomos de uma das maiores populações do mundo, carente de serviços e de motéis de qualidade. Há muito a ser feito. Sigo lutando pelo nosso setor e mostrando que a crise existe para quem está inerte. E você, está agindo ou se lamentando?
Vinícius Roveda é diretor da ABMotéis e CEO da rede Drops Motéis